Início Handebol Coração da Seleção: Bruna de Paula recoloca o Brasil entre os melhores

Coração da Seleção: Bruna de Paula recoloca o Brasil entre os melhores

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“Há 12 anos acabei de terminar o treino e fui com meus companheiros para um lugar e assisti à final do Mundial. Fiquei muito feliz quando o Brasil conquistou o título. Muito, muito feliz. E todos pensamos: ‘será que estaremos nesta posição?’. É para isso que venho trabalhando.”

Desde que produziu, sem dúvida, o maior choque da história do Campeonato Mundial Feminino da IHF, ao surpreender as potências e garantir o título na posição de azarão, o Brasil sempre tentou voltar entre as melhores seleções do mundo.

Embora dominassem o continente, ainda sem perder uma partida no Campeonato Sul e Centro-Americano de Handebol Feminino e conquistando quatro peças em quatro edições, terminaram em 10º, 18º, 17º, sexto e nono nas próximas cinco edições da principal competição mundial de handebol.

Mas a hora do Brasil parece ser agora. Liderada por uma das melhores jogadoras do mundo, a zagueira Bruna de Paula Almeida, a potência sul-americana derrotou seus adversários na fase preliminar da Alemanha/Holanda 2025, para se colocar na pole position por uma vaga nas quartas de final.

“A força da equipe é a união. Somos um grupo muito unido. Jogamos uns pelos outros, tentamos sempre jogar em equipe, independentemente do adversário. Sabíamos que tínhamos um grupo difícil na fase preliminar, estávamos em situações difíceis, lutamos e eventualmente conseguimos vencer a Suécia e a República Tcheca e também vencer Cuba”, diz de Paula.

Sempre foi considerada um prodígio, desde que começou no handebol em Campestre, pequena cidade entre o Rio de Janeiro e São Paulo. E depois de fazer sua estreia ainda adolescente no Campeonato Mundial Feminino da IHF 2015, quando o Brasil defendia o título, sua carreira disparou.

A zagueira veio para a França com apenas 20 anos e não falava a língua, assinando pelo Fleury Loiret HB. Claramente foi uma mudança difícil, que fez com que Paula se despedisse de tudo que conhecia, inclusive de sua família.

Mas foi o caminho certo.

Avançando 10 anos, ela é a líder da atual iteração da seleção brasileira que iniciou o Campeonato Mundial Feminino IHF de 2025 com três vitórias na fase preliminar – 41:20 contra Cuba, 28:22 contra a Tcheca e 31:27 contra a Suécia.

Ela caminha para sua melhor participação na competição, sendo a artilheira do Brasil, com 17 gols, e a melhor assistência, com 14 assistências. Embora os números possam não ser impressionantes, a sua importância para o Brasil não pode ser subestimada.

A equipe de 2013 tinha Ana Paula Rodrigues como zaga, mas era construída de forma diferente, com uma defesa fantástica. Desse time vencedor, de Paula divide a quadra agora com Alexandra do Nascimento, que voltou à seleção aos 44 anos.

Mas esta iteração atual do Brasil tem de Paula comandando o show, com sua velocidade, habilidade e criatividade sempre deslumbrantes. Não admira que a Suécia – de resto uma equipa com uma defesa robusta – não tenha conseguido parar o Brasil e De Paula tenha se revoltado.

E então vieram as comemorações, danças selvagens na quadra e no vestiário, a verdadeira nação do samba voltando ao grande palco com força total.

“O que você vê nos nossos posts no Instagram é o que somos. É a alegria que vivemos, é comemorar uma vitória, é comemorar quem somos. Como comentei anteriormente, vivemos assim, somos um grupo unido e queremos muito nos divertir depois de partidas tão importantes. Mostramos resiliência e mostramos o quanto podemos ser bons”, afirma o zagueiro.

2025 foi um dos melhores – senão o melhor ano para de Paula, já que ela venceu a EHF Champions League Feminina pela segunda vez com o time do clube Győri Audi ETO KC. E 2025 também foi um ano estelar para o Brasil, com a seleção masculina também chegando às quartas de final do Campeonato Mundial Masculino da IHF pela primeira vez na história.

“Todos tentamos dar o nosso melhor e é realmente uma honra estar aqui e proporcionar tanta alegria ao Brasil e jogar tão bem. Estamos orgulhosos do que conquistamos e queremos proporcionar jogos ainda melhores para podermos ir ainda mais longe na competição”, afirma de Paula.

A vitória sobre a Suécia, especialmente pela margem criada, será fundamental na matemática da batalha dos quartos-de-final. Embora a Noruega pareça certamente a favorita no Grupo IV da fase principal, o Brasil está logo atrás. Enfrentar a República da Coreia e Angola não é fácil antes do confronto final contra os atuais campeões olímpicos, mas o Brasil tem uma vantagem à frente da Suécia com a sua vitória.

Vença as duas primeiras partidas e o Brasil poderá entrar, marcando as quartas de final do Campeonato Mundial em Dortmund. Para de Paula, seria a segunda na carreira depois da Espanha 2021, quando o Brasil perdeu para a Dinamarca, aos 25h30.

Mas agora, de Paula, que disputa sua quinta edição do Mundial, com 88 gols em 29 partidas até o momento, está no auge. Aos 29 anos, ela parece imparável.

“Estamos de bom humor e queremos chegar mais longe na competição”, sorri de Paula.

E talvez ela possa ser aquela que os jovens que estão começando no handebol no Brasil possam admirar quando jogarem as fases finais do Campeonato Mundial.

Um modelo para um país que vive a vida como De Paula joga – rápido, apaixonado e deslumbrante.



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