Quem realmente foi Juan Bautista Bustos? Como é possível que um dos protagonistas centrais da história argentina – soldado das Invasões Inglesas, signatário da Lei de Maio, general do Exército do Norte, aliado de San Martín e construtor do Estado de Córdoba – continue a ser, para a maioria, um nome perdido nas brumas escolares? Essa pergunta percorreu durante anos a investigação do jornalista e escritor Juan Stahli e hoje encontra resposta em Save the Homeland. Histórias sobre o General Bustos, o livro que procura devolver o estatuto épico a um líder que a história oficial tentou minimizar.
Stahli resume sem enfeites: “a vida e obra de Juan Bautista Bustos”, personagem cuja dimensão – militar, política e cultural – surpreende até quem pensa conhecer a história argentina.
Alvejaram outro voo da Aerolíneas em Córdoba com laser: deputado propõe prisão e multas milionárias
Com humor aguçado e a paciência de um historiador, o autor admite que foi desconcertante como “a dimensão de Bustos” foi ofuscada: um comandante que enfrentou “as duas invasões inglesas”, participou na Revolução de Maio e cuja assinatura permaneceu na ata original.
Em seu livro, Stahli reconstrói não apenas o estrategista militar, companheiro de San Martín, mas também o líder que, após o levante de Arequito, permaneceu em Córdoba para “construir um Estado de Córdoba”. E fê-lo: redigiu uma Constituição, criou instituições, promoveu escolas, promoveu o comércio, moldou um sistema educativo e até trouxe a segunda tipografia da província, fundamental para a vida cultural da época. Diante desse legado, o autor não duvida: “Para o povo de Córdoba, Bustos poderia ser o nosso San Martín”.
A obra também revela o outro lado da história: maus tratos, deturpação e esquecimento induzido. Stahli enfatiza que este silenciamento “não foi inocente”. Sarmiento e Mitre, desde os textos fundadores da narrativa nacional, “defenestram-na” grosseiramente. Mas a própria correspondência de Bustos – com Güemes, San Martín ou Sucre – revela um homem culto, diplomático e tenaz, longe de qualquer caricatura.
“Tem outras denúncias chegando, isso é um vínculo”, disse o aposentado que denunciou seu sindicato.
O livro também agrega elementos intimistas, como a história de Juliana Maure, sua companheira de vida e de luta; uma mulher activa naquela revolução silenciosa que procurou organizar uma província convulsionada e projectá-la para o federalismo que nunca se materializou totalmente.
Quando e onde “Salve a Pátria” é apresentado
Na próxima sexta-feira, 12 de dezembro, às 19h, a INQUIETA Editora apresentará seu catálogo inicial na Casa Histórica da CGT Córdoba (Av. Vélez Sarsfield 137). O foco do encontro será a apresentação oficial do Salve a Pátria, que promete abrir novos debates sobre a identidade e a memória política de Córdoba.
Córdoba é a primeira província a ter um circuito preparado para quem viaja de autocaravana
Com uma prosa ágil, rigorosa e ao mesmo tempo próxima, Stahli nos convida a reler a história a partir da periferia, onde muitas vezes estiveram presentes os verdadeiros protagonistas. E representa uma provocação saudável: talvez o país também se salve recuperando aqueles que o construíram e foram varridos da história.







