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Justiça investiga compra de luxuosa mansão em Pilar que vizinhos e Tévez vinculam ao tesoureiro da AFA

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A calma exclusiva do bairro Villa Rosa, em Pilar, foi interrompida por uma denúncia judicial que aponta o cerne das finanças do futebol argentino. A Coalizão Cívica apresentou à Procuradoria-Geral da República de Crimes Econômicos e Lavagem de Dinheiro (Procelac) um requerimento solicitando a investigação da compra de uma luxuosa mansão que, segundo depoimentos de vizinhos e declarações públicas de figuras como Carlos Tévez, estaria ligada a Pablo Toviggino, tesoureiro da Federação Argentina de Futebol (AFA) e braço direito de Claudio “Chiqui” Tapia.

A suspeita da denúncia, promovida por Elisa Carrió, Facundo Del Gaiso e Matías Yofe, reside na titularidade formal do imóvel. Os documentos indicam que os proprietários são Ana Lucía Conte, aposentada, e seu filho Luciano Nicolás Pantano, monotributista. Ambos são acionistas da “Real Central SRL”, distribuidora de bebidas com um capital social de pouco menos de 58 milhões de pesos, valor que segundo os denunciantes não é compatível com a capacidade económica necessária para adquirir e manter uma propriedade de cinco hectares, que inclui luxos como um heliporto, um estabelecimento de criação, reprodução e propriedade de cavalos e uma coleção de carros antigos.

Chiqui Tapia

O principal depoimento que reforça as suspeitas veio de um ilustre vizinho do bairro: Daniel Angelici. O ex-presidente do Boca Juniors confirmou ao La Nación a ligação do tesoureiro da AFA com a propriedade: “Sou vizinho de Toviggino”, afirmou sem rodeios. Angelici explicou que a propriedade pertencia originalmente a Federico Tomasevich e que, depois de a oferecer a ele e a Carlos Tévez, acabou por parar nas mãos da empresa ligada ao ambiente Toviggino.

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A ligação com Tévez não é coincidência. Em março de 2023, o então técnico do Independiente publicou um tweet explosivo após uma polêmica arbitragem, onde apontava diretamente contra o tesoureiro da AFA: “Além da coleção de carros antigos e importados que você acumula em Pilar, você também enterra as malas que trouxe do Catar e dos amistosos na China, memória Alí Baba”. Esta mensagem foi incluída pela Coligação Cívica como parte das provas da sua apresentação judicial que coube ao tribunal de Daniel Rafecas.

A justiça ordenou rusgas à empresa financeira associada a “Chiqui” Tapia e ao Banfield Club

A comitiva de Toviggino nega que ele seja o verdadeiro comprador, argumentando que ele viaja todo fim de semana para Santiago del Estero, sua residência. Porém, a figura de Luciano Pantano, o dono no papel, tem laços estreitos com o mundo do futebol: foi secretário-geral do clube Almirante Brown e tem voz e voto nas assembleias da AFA que representam o Futsal e o Beach Soccer. Além disso, seu sobrenome ressoa na entidade por causa de seu pai, José Pantano, que foi chefe da Segurança durante a presidência de Julio Grondona.

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Luxos, enormes obras e uma sociedade falida

O imóvel em questão não passa despercebido na Villa Rosa. Localizada na Rua Misiones, possui uma cerca de aço e cimento que protege os cinco hectares da propriedade. Os vizinhos notaram movimentos inusitados desde junho de 2023, com a contratação massiva de trabalhadores para realizar obras de pintura, alvenaria e coberturas que eram suspeitas de serem “gigantes”.

A trama financeira é ainda mais complexa. Daniel Angelici revelou que houve uma tentativa de negócio conjunto com Toviggino e Pantano através da empresa “Mendoza Wines SA”. A ideia original era comercializar vinhos com a marca Maradona, projeto que foi frustrado por problemas de sucessão do craque.

Segundo o ex-presidente do Boca, Lucas Juan Labbad (contador em quem ele confia) aparece como diretor suplente naquela empresa, embora tenha esclarecido que a empresa “nem tem conta corrente” e nunca teve atividade real. “Eu queria fazer algo junto com Toviggino. Mas depois tudo deu em nada”, explicou Angelici.

CT/ML



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