As pessoas com deficiência foram e continuam a ser vítimas de um sistema que combina corrupção com crueldade. Não está totalmente claro quais são as proporções ou o que veio primeiro. Mas o que está claro é que o governo nacional decidiu tratar as pessoas com deficiência como inimigas. Primeiro, ele sufocou orçamentariamente o sistema de benefícios, depois recusou-se a implementar a Lei de Emergência para Deficientes votada pelo Congresso nacional, e agora uma rede de corrupção que parece ter saído da ficção começa a ser descoberta.
As investigações judiciais, decorrentes de uma grande quantidade de provas documentais, mostram que houve “uma organização criminosa em detrimento da administração pública e, em particular, do sector da população com deficiência e especialmente vulnerável que usufrui de pensões não contributivas e não dispõe de outras coberturas de saúde (que inclui mães com 7 filhos, maiores de 70 anos em situação de pobreza, entre outros)”. Os cálculos feitos pelas equipes de peritos judiciais direcionaram licitações de mais de 30 bilhões de pesos.
“Uma transportadora para pessoas com deficiência cobrou US$ 541 por quilômetro de gasolina, mas a gasolina ultrapassou US$ 1.300”.
Autoritários não gostam disso
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Esta é a mesma organização que condenou pessoas com deficiência e suas famílias a viverem em estado de emergência desde dezembro de 2023. Os responsáveis daquela organização, que está agora sob escrutínio da justiça, permitiram que uma pessoa com deficiência que trabalhasse quatro horas por dia numa oficina protegida, numa ferraria ou numa carpintaria ganhasse 28 mil dólares por mês.
Também que um transportador para pessoas com deficiência cobrava US$ 541 por quilômetro de gasolina, mas a gasolina havia ultrapassado US$ 1.300. Isto significava, de facto, que as pessoas tomavam menos vezes por semana do que o tratamento correspondente.
“A pessoa com deficiência, seja ela nascida ou adquirida, tem direitos que devem ser assegurados pelo Estado.”
A Lei Emergencial da Deficiência, que busca acabar com os maus-tratos governamentais e trazer humanidade e racionalidade econômica, foi votada no Congresso, que a ratificou ao rejeitar o veto presidencial, mas continua sem aplicação. O governo promulgou-o, mas depois suspendeu-o por decreto.
Esta é uma lei que dá prioridade orçamental ao sector da deficiência e não implica um aumento da despesa pública, uma vez que obriga o Governo a reafectar verbas de outras áreas não essenciais.
A pessoa com deficiência, seja ela nascida ou adquirida, tem direitos que devem ser assegurados pelo Estado, especialmente para quem se encontra em situação de pobreza devido ao impacto social, económico e laboral na pessoa e na sua família.
A ANDIS e o governo nacional têm de implementar a Lei de Emergência para Deficientes para parar de maltratar as pessoas com deficiência e as suas famílias. Além disso, é preciso que expliquem o que aconteceu ali para permitir tamanha loucura em uma organização que tem como objetivo cuidar de pessoas. E, também, precisamos saber o que o governo está fazendo para que o que aconteceu na ANDIS não aconteça novamente.







