A economia da Nigéria manteve uma trajetória de recuperação, registando um crescimento de 3,98 por cento no Produto Interno Bruto (PIB) real no terceiro trimestre de 2025.
Embora este valor represente uma ligeira moderação em relação aos 4,23 por cento registados no segundo trimestre, os analistas da Comercio Partners e do Centro para a Promoção da Empresa Privada (CPPE) concordam que o desempenho sublinha a resiliência do sector não petrolífero face a desafios estruturais significativos.
A moderação do crescimento foi atribuída principalmente a uma desaceleração acentuada no sector petrolífero, que atuou como um grande obstáculo à economia.
De acordo com o relatório macroeconómico da Comercio Partners, o crescimento no sector petrolífero caiu para 5,84 por cento no terceiro trimestre, um forte contraste com o aumento de 20,46 por cento testemunhado no trimestre anterior.
Este declínio foi impulsionado por uma queda na produção média diária de petróleo bruto para 1,64 milhões de barris por dia (mbpd), abaixo dos 1,68 mbpd no segundo trimestre, à medida que o sector continua a enfrentar restrições de capacidade, fugas em oleodutos e roubo de petróleo bruto. Consequentemente, a contribuição do sector petrolífero para o PIB real encolheu para 3,44 por cento.
Em contraste com as dificuldades do sector petrolífero, a economia não petrolífera fortaleceu-se, crescendo 3,91 por cento e representando mais de 96 por cento da produção real total. O sector dos Serviços continuou a ser o motor dominante do crescimento, contribuindo com 53 por cento para a produção total. Especificamente, o CPPE destacou o sector dos serviços financeiros como o de desempenho mais destacado, expandindo uns impressionantes 19,63 por cento devido ao aumento da actividade económica e ao aumento da confiança no sistema financeiro.
A agricultura também proporcionou um amortecedor necessário, crescendo 3,79 por cento – uma melhoria atribuída ao período de colheita sazonalmente forte. No entanto, a CPPE observou que esta recuperação continua limitada pela insegurança nas comunidades agrícolas e pela fraca logística rural.
Apesar dos números positivos, o cenário económico continua repleto de dificuldades para o nigeriano médio e para a indústria transformadora.
A CPPE sublinhou que a “crise do custo de vida continua a ser uma preocupação”, instando que a estabilidade macroeconómica se deve traduzir em melhorias tangíveis no bem-estar dos cidadãos.
O sector industrial continua frágil, expandindo-se apenas 1,25 por cento.
Os analistas atribuem esta lentidão aos elevados custos de energia e logística, bem como ao contrabando de produtos concorrentes.
Além disso, subsectores específicos como o Têxtil e o Vestuário permanecem em recessão, contraindo 2,41 por cento devido a custos de produção não competitivos.
Além disso, embora o sector imobiliário tenha registado um enorme crescimento nominal de 89 por cento, este foi em grande parte alimentado pela reavaliação de activos, piorando a acessibilidade da habitação nas principais cidades.
A Comercio Partners descreve a situação actual como uma “economia a duas velocidades”, onde os sectores não petrolíferos estabilizam o navio enquanto o sector petrolífero enfrenta estrangulamentos operacionais.
Para sustentar e melhorar este crescimento, o Dr. Muda Yusuf do CPPE apelou a intervenções governamentais específicas para mitigar a crise do custo de vida e resolver os impedimentos estruturais, como o fornecimento de energia e a segurança, que continuam a minar a competitividade.








