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Raízes e influência do mangá celebradas em exposição em Paris

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Apresentando pergaminhos narrativos antigos e máscaras de teatro medievais, uma nova exposição de mangá em Paris traça a história do fenômeno global até suas raízes nas formas de arte tradicionais japonesas.

“Mangá. Uma arte própria!” inaugurado na quarta-feira no Museu Guimet, no oeste de Paris, especializado em arte asiática.

Os organizadores optaram por apresentar artefatos antigos ao lado de alguns dos mangás modernos mais famosos do mundo, como “Dragon Ball”, “One Piece” e “Naruto”.

Máscaras de teatro Noh, kamishimo (trajes de samurai) e katanas (espadas) são exibidos ao lado de desenhos originais, com o layout destinado a refletir a criatividade dos quadrinhos modernos que conquistaram o mundo.

“Esta não é uma exposição de quadrinhos como as outras: é uma exposição que coloca os quadrinhos em paralelo com a coleção do Guimet”, disse à AFP o cocurador da exposição, Didier Pasamonik.

Em um caso, os visitantes podem ver uma verdadeira “bola de dragão”, uma estátua que foi oferecida por um xogum japonês ao líder francês Napoleão III, disse Pasamonik.

“Isso permitirá que os jovens leitores que conhecem ‘Dragon Ball’ (o mangá mais vendido) descubram que ele não surge do nada”, acrescentou.

Em outros lugares, os visitantes são convidados a descobrir as origens da palavra “mangá”, formada a partir dos termos japoneses “homem” (espontâneo) e “ga” (desenho).

Também explica como o encontro do Japão com o Ocidente no final do século XIX através do comércio e do intercâmbio cultural ajudou a dar origem a esta forma de arte.

Os artistas japoneses aproveitaram a tradição europeia das caricaturas de jornal e adaptaram-na à sua cultura, acrescentando a rica mitologia do Japão e utilizando-a no kamishibai, uma forma de teatro de rua tradicional.

São representados diferentes estilos de mangá, desde o shojo – obras originalmente voltadas para meninas que mais tarde ganharam enorme popularidade – até o movimento gekiga, um estilo mais sombrio e realista destinado a adultos.

Uma sala inteira é dedicada à “Grande Onda de Kanagawa”, do famoso japonês Katsushika Hokusai, criada com xilogravuras em 1831.

As “linhas claras e estruturadas” da obra já “prenunciam a estética dos quadrinhos”, disse Pasamonik.

Ao mesmo tempo que dá aos visitantes as chaves para a compreensão da história do mangá, a mostra também tenta explicar o impacto do meio.

Séries como “Astro Boy”, “Naruto” e “Akira” desempenharam “um papel fundamental no processo de japonização da cultura popular europeia”, escreve Bounthavy Suvilay, professor da Universidade de Lille, no catálogo da exposição.

Eles criaram “uma comunidade transnacional de fãs, que transcende as fronteiras linguísticas e culturais”, acrescentou.

O mundo do mangá também pode ser visto em videogames (“Super Mario”, “The Legend of Zelda”), séries animadas (“Grendizer”, “Captain Harlock”) e cartas de Pokémon.

Influenciou até a moda, como mostram os looks da Louis Vuitton, Gucci e Julien David expostos no Museu Guimet.

© 2025 AFP



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