O Tribunal de Contas da União também determinou que o Ministério da Fazenda e do Planejamento apresente estudos técnicos demonstrando como compatibilizar os ‘resultados fiscais efetivos’
André Dusek/AGE/Estadão Conteúdo Tribunal de Contas cita previsão de crescimento do PIB de 2,44% em 2026
O Tribunal de Contas da União (TCU) apontou nesta quarta-feira (3) que o Projeto de Lei Orçamentária (PLOA) de 2026 está incorporando projeções macroeconômicas que apresentam “risco significativo” de não se concretizarem.
O Tribunal também determinou que o Ministério das Finanças e o Ministério do Plano e Orçamento (MPO) apresentassem, no prazo de 60 dias, estudos técnicos demonstrando como conciliar “os resultados fiscais efetivos” verificados durante o quadro fiscal e os resultados projetados para os próximos anos.
O Tribunal de Contas menciona a previsão de crescimento do PIB de 2,44% em 2026. Esta consideração poderia levar à subestimação do défice primário, no entendimento do Tribunal.
Também foi mencionado que não foi possível avaliar a exatidão das projeções das principais receitas e despesas primárias contidas no PLOA 2026. Há ausência de “documentação metodológica padronizada, completa e reprodutível que permita o exame da adequação e consistência dos modelos utilizados”, afirma o TCU.
O Tribunal votou hoje diversos processos fiscais, incluindo o processo que trata do acompanhamento do Projeto de Lei Orçamentária Anual de 2026 (PLOA 2026), para fornecer subsídios à Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização (CMPOF).
O Tribunal apontou mais uma vez para projeções subestimadas das despesas de segurança e assistência social. Também é indicado que existem deficiências metodológicas. Isto resulta, segundo o argumento, num aumento dos riscos de novas contingências e coloca maiores desafios ao cumprimento das metas fiscais.
O TCU também comentou a perda de eficácia da Medida Provisória 1.303/2025, alternativa ao aumento do IOF, que propunha a tributação de aplicações financeiras e ativos virtuais no país.
As previsões orçamentárias incluídas no PLOA 2026, com base na MP, ficaram sem fonte de financiamento. Por outras palavras, existe o risco de insuficiência orçamental e possível necessidade de créditos adicionais. Outra alternativa seriam as limitações à execução orçamental. O TCU fala em risco de “paralisia das políticas públicas”.
No mesmo processo, uma das recomendações feitas pelo Tribunal de Contas foi a necessidade de apresentar, nos próximos PLOAs, o limite individual para alterações classificadas como “RP 8”, independentemente da previsão de reserva. Estas são alterações da comissão.
Prazo para Finanças e MPO
O TCU determinou que o Ministério da Fazenda e o Ministério do Planejamento e Orçamento (MPO) apresentassem, no prazo de 60 dias, estudos técnicos demonstrando como conciliar “os resultados fiscais efetivos” verificados durante o quadro fiscal e os resultados projetados para os próximos anos. O TCU reforça a necessidade de manter a dívida pública em níveis sustentáveis.
O Tesouro e o MPO também precisam de demonstrar, no mesmo prazo, “o nível de esforço fiscal que seria metodologicamente consistente com a estabilização” da dívida bruta do governo geral em relação ao PIB ao longo do período de dez anos. O TCU alertou hoje o governo sobre a perda de credibilidade das atuais regras fiscais com a prática reiterada de exclusão de despesas e/ou renúncia de receitas para efeito de mensuração do cumprimento da meta de resultado primário, este ano de déficit zero.
O Tribunal salientou também que isto acaba por contribuir para o aumento da dívida pública e para a redução da transparência das estatísticas fiscais. As exceções à meta de resultado primário em 2025 incluem ordens judiciais, indenizações aos beneficiários da Previdência Social vítimas de descontos indevidos, bem como apoio aos exportadores afetados pelo aumento das tarifas de importação dos EUA, por exemplo.
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As determinações e o alerta foram feitos no âmbito do processo de acompanhamento dos resultados fiscais e da execução orçamentária do 3º bimestre de 2025. O TCU recomendou ainda que o Ministério da Fazenda dê ampla publicidade aos resultados fiscais “efetivamente apurados e não apenas aos valores apurados para efeito de cumprimento das metas fiscais”.
*Com informações do Estadão Conteúdo







