Juiz do TRF1 nega liberdade a Daniel Vorcaro alegando perigo à ordem econômica e risco de continuidade das fraudes bilionárias investigadas
Divulgação/Banco Master Justiça Federal determinou, nesta quinta-feira (20), que Daniel Vorcaro permaneceria preso
A Justiça Federal determinou, nesta quinta-feira (20), que Daniel Vorcaro permaneça preso. A decisão partiu da juíza Solange Salgado da Silva, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1), que negou a liminar (decisão provisória) solicitada pela defesa do banqueiro para que ele pudesse responder ao caso em liberdade.
Daniel Vorcaro, dono do Banco Master, foi preso no início da semana durante a Operação Compliance Zero, deflagrada pela Polícia Federal (PF). Ele e outros seis executivos são investigados por suspeita de gestão fraudulenta e organização criminosa.
Para manter a prisão, o juiz argumentou que a medida é necessária para garantir a ordem pública e econômica. Na decisão, o juiz citou a existência de fortes indícios de que o grupo criminoso continuava ativo e de que a liberdade do empresário representaria um risco concreto, dada a “sofisticação da fraude” e o seu poder económico.
De acordo com o texto da decisão, foi criada uma “narrativa falsa” e fornecidos dados inverídicos ao Banco Central, constituindo comportamento que obstruiu a supervisão. A defesa de Vorcaro ainda aguarda análise do mérito de um habeas corpus, que não tem data definida para julgamento.
Entenda o esquema e as acusações
A investigação aponta que o Banco Master montou uma complexa engenharia financeira para mascarar sua real situação contábil e captar recursos de forma irregular. O esquema teria gerado cerca de R$ 12,2 bilhões entre janeiro e maio de 2025.
Os principais pontos de fraude, segundo a PF e o Ministério Público Federal (MPF), incluem:
Venda de carteiras ruins: O Mestre vendeu direitos de empréstimos (carteiras de crédito) ao Banco de Brasília (BRB) para obter dinheiro imediato. O objetivo seria dar alguma sobrevivência ao banco enquanto o Banco Central analisa sua venda;
Inconsistências nos dados: Ao justificar a origem desses créditos, o Mestre alegou que eles eram oriundos de associações de funcionários da Bahia. Contudo, auditorias do Banco Central revelaram que os pagadores eram pessoas físicas de diferentes partes do país, sem vínculos com tais associações, e que não havia fluxo financeiro real para comprovar as transações;
Empresa Shell: As investigações identificaram a utilização de uma empresa chamada Tirreno. Criada no final de 2024, teria sido utilizada como “empresa prateleira” para intermediar operações. O escritório, administrado por ex-funcionário do Master, apresentou aumento repentino de capital e documentos sem registro em cartório nas datas corretas;
CDBs irreais: A instituição também é acusada de emitir Certificados de Depósitos Bancários (CDBs) com promessas de rentabilidade 40% acima da taxa de mercado, lucro considerado irreal e insustentável;
Liquidação e defesa
O cenário para o Banco Master se agravou nesta terça-feira (18), quando o Banco Central decretou a liquidação extrajudicial da instituição, congelando o patrimônio de seus controladores. Isso interrompeu automaticamente as negociações de venda do banco ao grupo Fictor Holding Financeira.
A defesa de Daniel Vorcaro sustenta que a prisão é desnecessária. Os advogados defendem que, como o banco sofreu intervenção e liquidação, o empresário já não tem meios para gerir a instituição ou cometer crimes financeiros.
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Sobre a acusação de risco de voo, a defesa alegou que Vorcaro foi detido no aeroporto de Guarulhos (SP) porque tinha viagem de negócios marcada para Dubai, onde assinaria contratos com investidores, e que tem residência permanente e família no Brasil.
Por ordem judicial, Vorcaro e os demais executivos detidos permanecem no presídio da Superintendência da Polícia Federal, no bairro da Lapa, em São Paulo. O presidente do BRB, Paulo Henrique Costa, foi afastado do cargo em decorrência das investigações.







