Em reunião com banqueiros, presidente do município defende rigor técnico no combate à inflação e afirma que decisões sobre juros não podem ser pautadas por clamores ou mobilizações populares
LEANDRO CHEMALLE/THENEWS2/ESTADÃO CONTEÚDO Presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, defende mais uma vez, em reunião com banqueiros, a atuação técnica da instituição
O presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, voltou a defender, nesta segunda-feira (24), em reunião com banqueiros, a atuação técnica da instituição, e disse que a autoridade monetária não deveria se “emocionar” com o clamor popular, referindo-se às críticas aos juros elevados. “Acho importante o Banco Central não se emocionar e não ser uma instituição preocupada em fazer movimentos por motivos midiáticos ou de mobilização”, disse Galípolo durante almoço anual promovido pela Febraban, federação de bancos.
Em seu discurso, o presidente do BC disse que a preocupação da autoridade monetária deveria ser cumprir o mandato de levar a inflação para a meta com rigor técnico, sem se preocupar com a “questão midiática”. O papel do município, destacou, é seguir critérios técnicos, com transparência para a população.
Sobre os próximos passos da política monetária, o banqueiro central apenas mencionou que o BC continua “dependente de dados” e consciente do seu compromisso com a meta de inflação.
Depois de citar os desafios enfrentados ao longo do ano – incluindo questões sobre a eficácia da política monetária e da estabilidade financeira – Galípolo destacou que o BC lidou com os problemas cumprindo “exatamente” o que dizem as regras e regulamentos legais. Neste momento, fez um agradecimento especial ao Diretor de Fiscalização do Banco Central, Ailton Aquino, pelo “trabalho espetacular desde o início”. Segundo Galípolo, o BC sempre reagirá e tomará decisões diante dos desafios.
Pressão
O presidente do Banco Central ressaltou que, quem está no Banco Central, não pode se dar ao luxo de ser incomodado por possíveis críticas do governo em relação ao nível das taxas de juros. “Se você está numa posição onde tem muita gente que é afetada pelas suas ações, pode haver pressão e pode haver gritaria. Se você não vai se dar bem com isso, o Banco Central não é um lugar adequado”, disse.
Destacou ainda que é natural que sempre haja argumentos a favor de “ambos os lados” em relação à condução da política monetária e que é natural que o próprio governo traga o seu ponto de vista. “É um debate sempre legítimo, democrático, e se o governo não pode falar, não pode debater, não pode propor, quem poderá fazê-lo?” perguntou o presidente do BC.
Na avaliação de Galípolo, quando terminar um ciclo de aumento dos juros, a expectativa é que comecem as apostas sobre quando a taxa Selic começará a cair. Num cenário como este, continuou o presidente do BC, também é esperado que surja desconforto com as decisões da autoridade, independentemente de quais sejam e em que momento sejam tomadas.
‘Último defensor’
Assim, Galípolo voltou a usar a metáfora de que o BC é sempre o “último zagueiro”, de quem “a bola não pode passar”. “Esse é o papel do Banco Central. E se o Banco Central cumprir bem o seu papel, geralmente o que vai acontecer com o tempo é que ele (BC) será acusado pelos dois lados do que está fazendo. Não importa em que momento (um corte na taxa de juros) ocorre ou deixa de ocorrer. Quando ocorrer ou deixar de ocorrer, haverá críticas de que foi feito sob pressão ou de que foi tarde demais.”
Riscos de cauda
O presidente do Banco Central disse ainda que observou redução dos riscos de cauda, após a autoridade ter sido desafiada ao longo do ano em sua missão de levar a inflação para o centro da meta: 3%. “Chegando ao final do ano, acho que esses desafios ou os riscos de cauda desses desafios perderam peso significativamente”, declarou Galípolo. Ele fez o comentário após lembrar, em uma breve retrospectiva do ano, que 2025 começou com o mercado questionando se a política monetária conseguiria cumprir o seu papel.
Como resultado, continuou ele, o trabalho do BC foi desafiado por uma economia que mostrou maior resiliência do que o inicialmente previsto. “O Banco Central teve um ano em que foi, por falta de melhor expressão, desafiado naquele que é o seu mandato central, o seu mandato central”.
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Ao longo do ano, lembrou Galípolo, as dúvidas começaram a inclinar-se no sentido oposto, com questionamentos sobre se a taxa de juro não seria demasiado restritiva. Neste ponto, destacou, o BC sempre será criticado pelos partidos contrários se fizer um bom trabalho. O presidente do BC lembrou ainda que o BC enfrentou novos desafios relacionados à segurança em 2025.
“Mas chegamos ao final do ano com esses riscos de cauda mais magros, com menos dúvidas e com uma convicção maior de que a política monetária, sim, funciona, de que o Banco Central vai agir sempre que houver algum tipo de risco ou ameaça relacionado à questão da segurança, ou à questão da estabilidade”, comentou Galípolo.
*Com informações do Estadão Conteúdo
Publicado por Nícolas Robert








