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Congresso aprova orçamento com prazo para pagamento de emendas

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O PLDO tramitou sob relatoria do deputado Gervásio Maia (PSB-PB) e foi aprovado na Comissão Mista de Orçamento (CMO) na noite desta quarta-feira

Marcos Oliveira/Agência Senado CMO – Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização (CMO) realiza reunião deliberativa para discussão e votação de propostas legislativas. Mesa: relator do PLN 2/25, deputado Gervásio Maia (PSB-PB); deputado Wilson Santiago (Republicanos-PB); secretário da comissão, Walbinson Tavares de Araújo.

O Congresso Nacional aprovou nesta quinta-feira, 4, o Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO) de 2026 com previsão, pela primeira vez, de calendário para pagamento de emendas parlamentares. O texto também prevê contingências visando o limite inferior da meta de resultado primário, o que dá conforto ao governo federal. A proposta agora segue para aprovação presidencial.

O PLDO tramitou sob relatoria do deputado Gervásio Maia (PSB-PB) e foi aprovado na Comissão Mista de Orçamento (CMO) na tarde desta quarta-feira, 3.

Durante a sessão do Congresso, dois pontos também foram incluídos na proposta: previsão de não considerar até R$ 10 bilhões de despesas estatais na meta de déficit primário, visando evitar contingências por casos como o dos Correios; e outra para proibir, em 2026, a ampliação, ampliação ou ampliação de gastos, bem como a criação de novas despesas obrigatórias e qualquer tipo de recursos para financiar políticas públicas.

A votação ocorreu após sucessivos adiamentos na deliberação do texto na CMO, em razão de negociações entre os poderes Legislativo e Executivo quanto à exigência de pagamento de 65% das emendas parlamentares vinculativas do ano até os primeiros dias de julho do próximo ano.

O calendário foi criticado pelo Palácio do Planalto, com o argumento de que atrapalha o planejamento, mas acabou sendo referendado pelo governo.

Os parlamentares já haviam tentado implementar o programa outras vezes, mas acabaram frustrados. A pressão sobre o calendário cresceu à luz das eleições do próximo ano e após o atraso no pagamento das emendas em 2025 – que o governo atribuiu à votação tardia do orçamento.

A LDO serve de base para a criação da Lei Orçamentária Anual. A aprovação foi feita com mais de quatro meses de atraso. O Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA), que é o Orçamento propriamente dito, deverá ser votado na semana do dia 17 de dezembro, segundo o presidente da CMO, senador Efraim Filho (União-PB).

Pela LDO recentemente aprovada, o governo poderá buscar o piso da meta nas decisões sobre contingências de recursos orçamentários, análises que são realizadas bimestralmente ao longo do ano.

O relator havia alterado o texto original do Poder Executivo para que o governo tivesse que mirar o centro da meta de resultado primário, mas voltou atrás e retomou a possibilidade de buscar a faixa inferior.

Leia os pontos centrais do projeto:

Meta plana

O contingenciamento baseado no piso da meta gerou questionamentos do Tribunal de Contas da União (TCU), que emitiu alertas por considerar que o governo estava visando o limite inferior da meta nas decisões sobre congelamentos de gastos em 2025, e transformando o piso em meta efetiva.

À medida que o final do ano se aproxima, a obrigação de prosseguir o centro da meta em 2025 foi eliminada. Também esta quarta-feira, o Tribunal de Contas dispensou o governo de visar o centro da meta fiscal ao congelar despesas do Orçamento. O tribunal, porém, avaliou que a prática representa “um risco para atingir o objetivo de manter a dívida pública em níveis sustentáveis”.

O relatório destacou que a Lei Complementar 200/2023 (que estabeleceu o marco fiscal) permitiu um intervalo de tolerância equivalente a 0,25% do PIB, ou seja, R$ 34,3 bilhões, com limite inferior equivalente ao resultado primário de R$ 0,00 (zero real) em 2026, valor a ser considerado para cumprimento da meta fiscal.

Calendário de alterações

O valor reservado para emendas parlamentares passou de R$ 40 bilhões, na proposta do governo, para R$ 52 bilhões, com a inclusão de R$ 12 bilhões destinados a emendas de comissão, herdeiras do “orçamento secreto”, esquema revelado pelo Estadão, que não estavam na proposta do Executivo.

Gervásio também alterou o cronograma de compromisso e execução das alterações. O deputado retirou, por exemplo, a previsão de que o comprometimento das alterações teria que ocorrer em até 30 dias após o término do prazo para análise dos seus planos de trabalho.

Agora, o novo texto de Gervásio prevê que, caso não haja impedimento técnico, “os órgãos e unidades deverão adotar os meios e medidas necessários à execução dos programas, observados os limites da programação orçamentária e financeira vigente”.

O projeto também reduz o prazo para ministérios e órgãos analisarem eventuais impedimentos técnicos às emendas de 105 para 100 dias.

O texto estabelece que 65% das emendas parlamentares obrigatórias para 2026 deverão ser pagas no primeiro semestre, até três meses antes das eleições. A regra valerá para alterações tributárias – saúde, assistência social e transferências especiais (as “alterações pix”) – e os valores serão pagos antes do período de encerramento eleitoral.

“É um avanço muito importante, equilibrado. Falando em 65%, estamos falando da execução de parte dessas alterações até o mês de julho. Vai garantir um planejamento muito importante para os gestores”, declarou o deputado Gervásio Maia, ao ler a última versão de seu relatório.

Embora as alterações da comissão não estejam formalmente incluídas no calendário, Gervásio afirmou que foi alcançado um acordo entre o governo e o Legislativo para o pagamento, nos termos previstos na LDO, das alterações da comissão relacionadas com a saúde.

Também foi incluída na LDO uma disposição para reprogramação de emendas parlamentares caso um deputado ou senador tenha seu mandato cassado, seja por ordem judicial ou por ordem legislativa. As alterações só permanecerão vinculadas ao parlamentar cassado, autor original da indicação, quando já cometidas, sem possibilidade de modificação.

Grade de parâmetros

O relatório trabalha com a seguinte grelha de parâmetros macroeconómicos para 2026:

– PIB projetado: crescimento de 2,5% (estimativa do governo apresentada em março/2025) e 1,7% (mercado);

– Inflação: 3,5% (governo) vs. 4,5% (mercado);

– Selic: 12,5% aa (governo) e 12,5% aa (mercado);

Em relação à meta de resultado primário, os números são os seguintes:

– Meta (com exclusões legais): superávit de R$ 34,3 bilhões (0,25% do PIB);

– Sem exclusões legais: déficit de R$ 16,9 bilhões.

– Sem precatórios que ultrapassem o limite constitucional: superávit de R$ 55,1 bilhões

– Despesas obrigatórias: estimadas em 92% do total das despesas primárias;

– despesas com pessoal: previsão de 14,4% das despesas da União;

Objetivo das estatais

O relatório estima meta para as estatais federais com déficit primário de R$ 6,7 bilhões (-0,05% do PIB). O valor desconsidera empresas do Grupo Petrobras, da Empresa Brasileira de Participações em Energia Nuclear e Binacional e o orçamento de investimentos do Programa de Aceleração do Novo Crescimento (PAC) – este último limitado a R$ 5 bilhões.

Durante a votação, o relator também incluiu um trecho para retirar até R$ 10 bilhões da meta de déficit primário das estatais em 2026, em uma homenagem ao governo do presidente Lula. Na prática, a medida permite que os Correios tenham um prejuízo maior no próximo ano sem afetar outras despesas do governo federal. Originalmente, o resultado obrigaria o Executivo a cortar gastos para compensar a meta.

Fundos eleitorais e partidários

O texto determina que a totalidade dos Fundos Partidários e Eleitorais será incluída no rol de despesas obrigatórias, o que veda o seu contingenciamento.

Em outubro, a CMO aprovou instrução normativa para reservar R$ 4,9 bilhões para o Fundo Eleitoral em 2026. Originalmente, o governo havia reservado R$ 1 bilhão para apoiar candidatos nas eleições de 2026, valor menor que os R$ 5 bilhões destinados às eleições de 2022 e 2024.

Na quarta-feira, a diretoria aprovou a inclusão, na LDO, da correção do Fundo Partidário, desde 2016, conforme regras do marco fiscal. Técnicos orçamentários estimam que o impacto dessa mudança seja de R$ 160 milhões. O relator se posicionou contra o destaque, que foi classificado por seu autor, o deputado Luiz Carlos Motta (PL-SP), como “de interesse de todos os parlamentares e de todos os partidos políticos”.

*Conteúdo do Estadão



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