

Heineken enfrenta desafios operacionais e financeiros na Europa
A gigante cervejeira Heineken enfrenta uma semana de desafios em duas frentes distintas. Enquanto um incidente operacional levou à evacuação de sua maior fábrica na França, a empresa também lida com a desconfiança do mercado financeiro, que penalizou severamente suas ações recentemente.
Vazamento de amônia controlado na França
Um vazamento de amônia na fábrica da Heineken em Mons-en-Barœul, perto de Lille, na França, ocorrido na quarta-feira, 13 de agosto, forçou a evacuação preventiva de todos os funcionários da unidade. Segundo a prefeitura local, o vazamento foi rapidamente contido e a situação já está totalmente sob controle, permitindo a retomada das atividades.
O incidente foi detectado por volta das 14h30 durante um teste de estanqueidade na rede de distribuição de amônia, em uma área da fábrica que está passando por obras. Como medida de segurança, a evacuação foi imediata. Uma empresa especializada foi acionada para realizar os reparos necessários e garantir a segurança para o retorno das operações. A unidade de Mons-en-Barœul é a maior da Heineken na França em capacidade produtiva e volume, tendo produzido 260 milhões de litros de cerveja em 2024, incluindo marcas como Pelforth e a linha Desperados.
Segurança da população garantida
A amônia é um gás utilizado no processo de refrigeração da produção de cerveja. É uma substância tóxica e inflamável se inalada em altas concentrações, podendo também causar queimaduras. No entanto, as autoridades asseguraram que não houve qualquer risco para os moradores da região. “Apenas um incômodo olfativo pôde ser sentido, sem qualquer perigo para a população”, informou a prefeitura em comunicado oficial. Medições constantes dentro e fora da fábrica confirmaram a ausência do gás no ambiente.
Pressão no mercado financeiro
Este problema operacional ocorre em um momento delicado para a Heineken no mercado de ações. No dia 28 de julho, a empresa viu suas ações despencarem 8,45% na bolsa, logo após a divulgação de seus resultados semestrais. Embora a companhia tenha apresentado um crescimento de 2,1% na receita, impulsionado por aumentos de preços que compensaram uma queda de 1,2% nos volumes de venda, os investidores reagiram negativamente.
Segundo a casa de análise independente Alphavalue, a reação do mercado se deve ao ceticismo gerado por um novo acordo de tarifas de 15% entre os Estados Unidos e a União Europeia, que deve impactar a lucratividade da empresa a partir do segundo semestre de 2025. Além disso, o banco UBS destacou que a cervejeira holandesa revisou para baixo sua previsão de volumes para 2025, esperando agora uma estabilidade em vez de crescimento. Ainda assim, o banco suíço considerou a forte queda das ações uma reação “severa” por parte dos investidores.