A decisão da União Europeia de financiar empréstimos à Ucrânia é uma notícia bem-vinda para os mercados, disseram analistas na sexta-feira, consolidando o uso da dívida conjunta como solução de financiamento e evitando um plano juridicamente controverso de usar ativos russos.
Os líderes da UE concordaram na sexta-feira em contrair um empréstimo de 90 bilhões de euros (US$ 105 bilhões) para financiar a defesa da Ucrânia contra a Rússia pelos próximos dois anos, excluindo Hungria, Eslováquia e República Tcheca.
Com isso, descartaram uma proposta sem precedentes de usar ativos russos, em sua maioria congelados no depósito da Euroclear na Bélgica.
Esse plano, contestado pela Bélgica, havia preocupado muitos no setor financeiro, que temiam o impacto na reputação internacional da UE e do euro. A presidente do BCE, Christine Lagarde, temia que uma medida juridicamente controversa desencorajasse os investidores a manter ativos em euros.
Antes do acordo ser fechado, um alto executivo de um grande banco europeu havia dito à Reuters que uma “boa solução intermediária” seria tratar os ativos russos “como a prata da família”, ou seja, deixá-los onde estavam. O euro apresentou pouca variação na sexta-feira.
Um benefício a longo prazo do acordo de sexta-feira é que o novo endividamento reforçará a percepção de que o endividamento conjunto da UE está se tornando uma ferramenta mais permanente no conjunto de medidas dos formuladores de políticas, disseram analistas, um desenvolvimento que os investidores geralmente apoiam.
“Já não é tabu contrair empréstimos em conjunto a nível da UE”, disse Andrew Kenningham, economista-chefe para a Europa da Capital Economics, mesmo que a Alemanha provavelmente resista a aumentos substanciais e regulares.
A UE iniciou um programa de endividamento em larga escala durante a COVID-19, mas a Alemanha tem se mostrado particularmente reticente quanto à ideia de aumentar esse programa, sinalizando que o programa pandêmico foi uma exceção.
