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UNESCO define o seu veredicto: o Quarteto de Córdoba, muito próximo de ser Património Cultural da Humanidade

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Entre os dias 8 e 13 de dezembro, Nova Delhi sediará a 20ª sessão do Comitê Intergovernamental da UNESCO, palco onde Córdoba coloca todas as suas fichas: ali poderá ser alcançado o reconhecimento internacional mais importante da história do gênero quarteto.

A candidatura, já incorporada na lista representativa que será analisada, é promovida pela Câmara Municipal de Córdoba e conta com o aval do Estado Nacional.

As expectativas são altas. A música que atravessa gerações, bairros, estádios e festas populares poderia obter um selo global que sublinhasse o seu valor excepcional e a contribuição que tem dado – todos os fins de semana e há mais de 80 anos – à identidade de Córdoba.

Um processo que começou anos atrás

O arquivo começou a tomar forma durante a gestão do atual governador Martín Llaryora e continuou no governo do prefeito Daniel Passerini. Em 2024, após avaliação do Comitê Argentino do Patrimônio Cultural Imaterial (CAPCI), a apresentação oficial à UNESCO obteve o apoio formal necessário. O documento “Quarteto, Música, Letras e Dança na Cidade de Córdoba” sintetiza anos de pesquisa, trabalho comunitário e coordenação entre autoridades, especialistas e referências do gênero.

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A UNESCO define Património Cultural Imaterial (PIC) como um processo vivo, em constante transformação, recriado pelas comunidades e transmitido entre gerações. Para serem incluídos na lista, os Estados devem demonstrar não só a relevância do elemento cultural, mas também as medidas concretas para salvaguardá-lo.

E foi aí que Córdoba procurou fazer a diferença.

Oficinas, debates e participação comunitária

Nos últimos anos, o Município promoveu uma série de espaços para apostar no sentido de identidade do Quarteto. Entre eles:


* Juventude, no IPEM nº 11 Alberto Cognigni, onde os alunos debateram práticas coreográficas, transformações de gênero e seus significados no cotidiano.



* Familia Cuartetera, no Centro Cultural Alta Córdoba, que reuniu artistas, público, jornalistas e protagonistas do movimento para refletir sobre a organização das orquestras, a evolução do ritmo e as tradições da festa popular.



* Quarteto com Perspectiva de Gênero, no Centro Cultural San Vicente, espaço dedicado ao papel histórico e atual das mulheres e dissidentes na produção de gênero.



* Quarteto e Democracia, no Centro Cultural España Córdoba, onde trabalhamos os vínculos entre cultura popular, participação cidadã e vida democrática.


A Argentina já adicionou três expressões à lista de PCI: Tango (2009), Filete Porteño (2015) e Chamamé (2020). Agora, o Quarteto procura acompanhá-los nesse pódio de tradições vivas com projeção global.

A história e relevância cultural do Quarteto

Nascido em 1943 na cidade de Córdoba, o Quarteto surgiu para animar danças populares, com uma mistura sonora que combinava expressões crioulas e melodias de comunidades imigrantes. O treinamento clássico incluía piano, violino, acordeão, contrabaixo e voz. Entre as suas figuras decisivas está Leonor Marzano, cujo estilo ao piano acabou por marcar a identidade do género.

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Na década de 60, a incorporação de ritmos caribenhos, percussão afro-latina e seções de sopro ampliaram o poder e a solidez do Quarteto. O gênero resistiu à censura durante a última ditadura e se consolidou como símbolo do cotidiano de Córdoba: dos clubes de bairro aos estádios, dos domingos em família às intermináveis ​​madrugadas.

As danças mantêm seu magnetismo. Famílias, jovens e públicos diversos assistem às apresentações em diversos pontos da cidade. As orquestras costumam ser formadas por oito ou mais músicos e, entre o público, são utilizados sinais manuais para identificar bairros e pertences. Esse código gestual passou a fazer parte da liturgia do quarteto.

Popularmente conhecido como tunga-tunga, seu ritmo 2/4 marca a pulsação da dança: duas sílabas, dois movimentos de pés. As coreografias podem ser organizadas em rodadas ou em duplas de mãos dadas, sempre de forma rápida e festiva.

Hoje, o Quarteto é muito mais que um género musical. É memória afetiva, identidade coletiva, dança, letra, festa e pertencimento. Uma herança viva que Córdoba partilha com orgulho e que agora pode agregar um reconhecimento global alinhado com a sua história.



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