88% dos agregados familiares que têm um familiar com deficiência estão endividados. O que agrava a situação é que os empréstimos são para comprar alimentos, medicamentos, tratamentos médicos e emergências de saúde.
Soma-se a isso a deterioração emocional, que também aparece no centro do problema: 87% dos entrevistados relatam sintomas de ansiedade, angústia, insônia ou estresse físico, padrão que se repete nas histórias ouvidas durante o encontro. Os dados são provenientes do relatório “Incapacidade e Dívida – Pesquisa Federal 2025”, apresentado esta semana no Encontro Federal por uma Política de Redução da Dívida.
O relatório indica que a maioria dos que responderam são mulheres, chefes de família e prestadores de cuidados, muitas vezes os únicos provedores económicos em contextos de fragilidade crescente. “A renda não é suficiente para cobrir as necessidades básicas e, diante da perda de benefícios, terapias e benefícios, a dívida se torna a única estratégia disponível para sustentar a vida cotidiana”, destaca o comunicado.
Com 214 respostas de 16 províncias e da CABA, o estudo mostra como o ajustamento, a perda de direitos e o endividamento se combinam num sector profundamente feminizado e sobrecarregado. Também oferece um raio X detalhado de como a crise económica afecta os agregados familiares que vivem com deficiência.
Do encontro também emergiu outro problema que preocupa todas as famílias endividadas: as práticas abusivas do sistema financeiro. Ao longo do dia foram ouvidos testemunhos de agregados familiares que convivem com níveis profundos de angústia e asfixia económica, assolados por cobranças ilegais, ameaças, pressões telefónicas e mecanismos de assédio que chegam até aos ambientes familiares.
Neste contexto, a socióloga Luci Cavallero alertou que “o mais grave é que diferentes entidades financeiras operam com a mesma lógica de usura dos credores privados.







