A denúncia do partido no poder por falhas no sistema TREP soma-se às acusações de irregularidades, à contagem parada e às reivindicações dos candidatos, enquanto a OEA exige transparência e celeridade no processo.
O Partido Liberdade e Refundação (Libre), atualmente no poder em Honduras, solicitou a anulação do escrutínio presidencial das eleições gerais realizadas no último domingo, 30 de novembro. A petição, apresentada ao Conselho Nacional Eleitoral (CNE), baseia-se no que o partido descreve como um “desastre” no sistema de Transmissão de Resultados Eleitorais Preliminares (TREP). O processo de contagem de votos permanece paralisado desde sexta-feira, o que aumentou a tensão e a incerteza no país quanto à legitimidade dos resultados.
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No escrito apresentado pelo representante do Libre, Edeson Javier Argueta, argumenta-se que “é apresentada uma ação de anulação administrativa do escrutínio realizado pelas 19.167 Juntas Recebedoras de Votos (JRV) em nível eletivo presidencial, dado o desastre do Sistema de Transmissão de Resultados Eleitorais Preliminares (TREP)”. O documento sustenta que falhas técnicas e falta de transparência no sistema comprometeram a integridade do processo eleitoral, razão pela qual o partido no poder exige a anulação dos resultados presidenciais.
O escrutínio, da responsabilidade da CNE, está paralisado desde a tarde de sexta-feira, tendo sido escrutinados 88,02% das atas. Segundo dados oficiais, Nasry Asfura, candidato do Partido Nacional, lidera a disputa com 1.132.321 votos (40,19%), seguido por Salvador Nasralla, do Partido Liberal, com 1.112.570 votos (39,49%). Rixi Moncada, candidato do Libre, ocupa o terceiro lugar com 543.675 votos (19,30%). A paralisação da contagem e a falta de explicações oficiais geraram um clima de desconfiança e alimentaram denúncias de irregularidades.
A Missão de Observação Eleitoral da Organização dos Estados Americanos (MOE/OEA) interveio com um apelo urgente às autoridades hondurenhas para que agilizem o processo de contagem. Em comunicado, a missão chefiada por Eladio Loizaga apelou à “aceleridade do processo de escrutínio, garantindo medidas de rastreabilidade que proporcionem certeza nos resultados”. A organização internacional observou que tem observado atrasos e intermitências na gestão e processamento de material eleitoral, bem como uma acentuada falta de conhecimentos especializados no desenvolvimento de soluções tecnológicas, o que tem causado atrasos significativos. A OEA enfatizou a importância de que as demais etapas do processo, inclusive o exame especial e a fase de desafios, sejam realizadas com total clareza e eficiência.
Por sua vez, Salvador Nasralla, candidato do Partido Liberal, denunciou a existência de “inconsistências e erros graves” em mais de 5.000 registos eleitorais. Nasralla pediu à CNE uma revisão minuciosa, que poderia incluir a verificação voto a voto, e afirmou que a sua equipa, com “100% dos registos físicos em mãos”, mostra-lhe que ganhou as eleições. O candidato alertou que estas irregularidades estão a alterar a vontade popular expressa nas urnas e exigiu uma resposta imediata das autoridades eleitorais.
O processo eleitoral hondurenho deste ano incluiu a eleição do presidente, três nomeados presidenciais (vice-presidentes), 298 prefeituras, 128 deputados para o Parlamento local e 20 para o Parlamento Centro-Americano. No município de San Antonio de Flores, departamento de El Paraíso, as eleições locais e nacionais serão repetidas devido às irregularidades detectadas em 30 de novembro, o que acrescenta um elemento adicional de complexidade ao panorama eleitoral.
Em meio à incerteza, Nasralla apelou aos cidadãos para manterem a calma e lembrou que o prazo para solicitar revisões de atas permanece aberto até 29 de dezembro, o que deixa espaço para os atores políticos procurarem soluções dentro do atual quadro jurídico.







