Torcida do Flamengo se considera vencedora de 1987, apesar de decisão do STF; unificação dos títulos nacionais altera a contagem, dependendo do seu ponto de vista
FILIPE REVELES/AGÊNCIA O DIA/AGÊNCIA O DIA/ESTADÃO CONTEÚDO Samuel Lino foi o autor do gol que sagrou o Flamengo campeão
O Flamengo conquistou, nesta quarta-feira (3), no Maracanã, um novo título brasileiro, reacendendo um debate que volta à cena a cada temporada: afinal, qual clube pode ser considerado o maior campeão nacional do país? A resposta passa por três grandes capítulos da história do futebol brasileiro — a Copa União de 1987, a unificação da Taça Brasil e do Robertão e o impacto desses reconhecimentos no ranking da CBF.
Copa União: a origem da maior disputa judicial do futebol brasileiro
O título mais polêmico do futebol nacional continua sendo o de 1987. Naquele ano, a CBF, em crise financeira e sem condições de organizar o Campeonato Brasileiro, viu os principais clubes do país criarem o Clube dos 13 para comandar uma competição própria: a Copa União.
Disputaram o torneio os maiores clubes do país, que, segundo a imprensa da época, contava com alta qualidade técnica e maior organização. O problema surgiu quando a CBF decidiu impor um cruzamento entre os campeões e vice-campeões do Módulo Verde (Flamengo e Inter) e do Módulo Amarelo (Sport e Guarani) para definir o Campeonato Brasileiro daquele ano. O Clube dos 13 recusou-se a participar e declarou o Mengão, vencedor da Copa União, campeão nacional. Na final contra o Guarani, o Leão venceu nos pênaltis, foi declarado campeão pela entidade e disputou a Libertadores do ano seguinte.
Seguiram-se décadas de batalhas judiciais, até que o STF, em decisão definitiva em 2017, reconheceu o Sport como único campeão de 1987. Apesar disso, parte da imprensa e boa parte da torcida rubro-negra sustentam que a Copa União foi o “verdadeiro” Brasileirão daquele ano —ponto central na discussão sobre quem lidera o ranking histórico.
Taça Brasil e Robertão: a unificação que mudou o ranking nacional
Outro capítulo decisivo é a unificação de 2010. Durante décadas, a CBF considerou que o Campeonato Brasileiro só começou em 1971. Isso deixou de fora títulos significativos conquistados na Taça Brasil (1959–1968) e no Torneio Roberto Gomes Pedrosa, Robertão (1967–1970).
Pressionada por clubes e historiadores, a entidade reconheceu oficialmente, em 2010, que esses torneios equivalem ao Campeonato Brasileiro. Com isso, Bahia, Botafogo, Cruzeiro, Fluminense, Palmeiras e Santos tiveram títulos somados às suas contas. O maior beneficiado foi o Verdão, que recebeu quatro títulos adicionais, alcançando os atuais 12 campeonatos nacionais reconhecidos —isolando-se como recordista e líder absoluto do ranking.
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E o Flamengo, onde entra nessa discussão?
Com o título conquistado nesta quarta-feira, o Flamengo chega a oito títulos brasileiros reconhecidos pela CBF (desconsiderando 1987) ou nove, na contagem defendida pelo clube e grande parte da torcida (incluindo a Copa União). Oficialmente, no ranking da CBF, está atrás do Palmeiras (12 a 8). Mas, na conta em que 1987 é do Mengão e são contabilizados os títulos do Campeonato Brasileiro desde 1971, o time carioca está no topo da lista, com um a mais que o rival paulista.
