A operação depende de aprovação do Tesouro e é considerada fundamental para conter o avanço do buraco financeiro da estatal
O Conselho de Administração dos Correios autorizou a contratação de um empréstimo de R$ 20 bilhões como parte do plano de reestruturação da estatal, que enfrenta uma crise financeira sem precedentes. A decisão foi tomada na sexta-feira (28) e confirmada pela empresa neste sábado (29). A operação ainda depende da aprovação do Tesouro Nacional, que será o fiador do empréstimo. A expectativa interna é que metade do valor (R$ 10 bilhões) seja liberado em 2025, enquanto os outros R$ 10 bilhões estão previstos para 2026, divididos em duas parcelas.
Segundo a administração dos Correios, os recursos serão usados para recuperar caixa, regularizar pagamentos e permitir o início da reestruturação. A empresa projeta prejuízo acumulado que pode chegar a R$ 10 bilhões neste ano e afirma que o empréstimo é “indispensável” para estabilizar as contas.
Os Correios enfrentam sucessivos resultados negativos. Até setembro, o déficit acumulado foi de R$ 6 bilhões —quase três vezes mais que no mesmo período do ano passado. O balanço mais recente mostra queda de receita e aumento de despesas administrativas, além de dificuldades na manutenção de pagamentos a fornecedores.
A deterioração das contas da estatal pressionou o governo federal, que teve que limitar gastos para cumprir a meta fiscal. No grupo das estatais, o prejuízo acumulado até outubro (R$ 6,35 bilhões) já está próximo do pior resultado anual da série histórica.
Plano de reestruturação trifásico
A contratação do empréstimo faz parte do plano de recuperação aprovado pela estatal na semana passada, dividido em três etapas:
1) Recuperação financeira (2025):
Regularização de pagamentos e revisão de contratos; Programa de Demissão Voluntária (PDV); Ajustes nos planos de saúde dos funcionários.
2) Reorganização e modernização (2026–2027):
Encerramento de até 1.000 agências deficitárias; Venda de imóveis considerados ociosos (com previsão de arrecadação de até R$ 1,5 bilhão); Investimentos em automação e redução do déficit Postal Saúde.
3) Retomada do crescimento (a partir de 2027):
Novos modelos de negócios, parcerias e avanços tecnológicos; Meta de retorno ao lucro em 2027.
O presidente dos Correios, Emmanoel Rondon, afirma que o empréstimo dará fôlego para que as medidas entrem em vigor a partir de 2026. Ele diz esperar que a estatal inicie um “ciclo de saldo positivo” a partir de 2027.
A estatal não detalhou as condições de crédito, mas fontes governamentais afirmam que a taxa deve ultrapassar 120% do CDI — patamar considerado alto para operações garantidas pela União. O consórcio de bancos envolvidos inclui Banco do Brasil, Citibank, BTG Pactual, ABC Brasil e Safra. Em nota, os Correios informaram que as negociações continuam e que novas informações só serão divulgadas pelos canais oficiais.
*Relatório produzido com a ajuda de IA








