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Correios acumulam prejuízos bilionários e respondem por metade do déficit da estatal

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A estatal enfrenta crise financeira agravada por fatores legais, mudanças no mercado de importação e falta de adaptação tecnológica

Tomaz Silva/Agência Brasil Correios anunciou plano de reestruturação

A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos passa por um momento financeiro classificado como “muito grave”. Dados recentes indicam que a empresa passou a ser responsável por mais da metade das perdas combinadas de todas as estatais brasileiras. Só no ano passado, o déficit foi registrado em R$ 2,5 bilhões.

Segundo análise do economista Alan Ghani, da Jovem Pan, a situação atual contrasta com o desempenho recente da empresa. Entre 2017 e 2021, os Correios foram uma empresa lucrativa. Porém, o cenário se inverteu a partir de 2022, iniciando uma sequência de resultados negativos que deve se estender por 2024 e 2025, com projeções de novas perdas bilionárias.

As causas dos danos

Para compreender a crise é necessário dividir os problemas em dois eixos principais: fatores circunstanciais e fatores estruturais.

1. Fatores circunstanciais (financeiros e políticos)
Esses elementos impactam diretamente no fluxo de caixa da empresa no curto prazo:

Dívidas judiciais: O pagamento de precatórios onerou significativamente o orçamento. Custos com folha de pagamento: A concessão de reajustes salariais acima da inflação aumentou os custos fixos da estatal, desequilibrando as contas. Impacto da tributação (“Blouse Tax”): A implementação do imposto de 20% nas compras internacionais de até 50 dólares mudou o comportamento do consumidor. Com o aumento do custo das importações, houve redução no volume de encomendas transportadas pelos Correios. Esse cenário favoreceu concorrentes privados, como Amazon e Mercado Livre, que absorveram parte da demanda logística.

2. Fatores Estruturais (Modelo de Negócios)
Esses elementos referem-se à capacidade da empresa de permanecer relevante ao longo do tempo:

Mudança de comportamento: A obsolescência de serviços tradicionais, como o envio de cartas e telegramas – massivamente substituídos por e-mails e mensagens instantâneas – reduziu uma das fontes originais de receita da empresa. Falta de adaptação: Ao contrário das empresas privadas de logística, que se modernizaram rapidamente para atender o comércio eletrônico, os Correios enfrentam dificuldades para competir em agilidade e eficiência no novo cenário digital.

A consequência direta do déficit é a transferência da conta para os cofres públicos. Por ser uma empresa estatal, o prejuízo bilionário acaba sendo coberto, em última instância, pela população brasileira. Dada a dificuldade da empresa em reverter a situação e competir com o sector privado, os analistas económicos voltam a debater a necessidade da privatização como uma possível solução para estancar a drenagem de recursos públicos.

O desempenho negativo repercutiu no Orçamento da União. O governo federal previu inicialmente um déficit de R$ 6 bilhões para as estatais federais em 2025. Porém, devido ao agravamento da crise na empresa postal, essa previsão foi revisada para R$ 9 bilhões. Para cumprir as regras fiscais atuais, que exigem compensação quando o prejuízo das estatais supera a meta, o governo federal foi obrigado a realizar um contingenciamento (bloqueio) de R$ 3 bilhões em despesas de diversos ministérios.

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Diante do cenário insustentável, os Correios anunciaram um plano de reestruturação para tentar estancar o sangramento financeiro e garantir a continuidade dos serviços. As principais medidas incluem:

Demissão Voluntária (PDV): A meta é reduzir o número de colaboradores em 10 mil pessoas (atualmente 83 mil). Venda de Ativos: Está prevista a venda de cerca de mil agências consideradas deficitárias e a venda de imóveis, com expectativa de captação de R$ 1,5 bilhão. Novos Recursos: A empresa busca captar R$ 20 bilhões em empréstimos. Parcerias: O plano prevê a possibilidade de fusões, aquisições e parcerias estratégicas com o setor privado.

A direção da estatal afirma que o objetivo das medidas é garantir a sustentabilidade financeira e modernizar as operações logísticas em todo o país.

*Relatório produzido com a ajuda de IA



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