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Oito anos depois do desaparecimento de Elvis Benítez, novos testemunhos reativam o caso e apontam para o ambiente de Sena

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O caso do desaparecimento de Elvis Martín Benítez, o jovem de 18 anos visto pela última vez em 22 de dezembro de 2017 em Resistencia, voltou a mover-se após anos de paralisia judicial. A Equipa N.º 3 do Ministério Público, chefiada por Rosana Beatriz Soto, avalia novas informações surgidas nas últimas semanas, ligadas a pessoas próximas do clã Sena, hoje condenado pelo feminicídio de Cecilia Strzyzowski.

Fontes com acesso direto ao processo confirmaram ao Perfil que foram incorporados elementos que não constavam na investigação original, incluindo dados que mencionam uma pessoa que será citada como testemunha reservada. São depoimentos recentes que teriam surgido após a repercussão do caso Cecília e a condenação de César, Emerenciano e Marcela Acuña.

Um fato importante que a família nunca havia declarado

A mãe de Elvis, Erica Romero, sustentou, quando o feminicídio de Cecília se tornou público, que Elvis mantinha uma relação estreita com César Sena e frequentava o movimento social liderado pela família.

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Essa informação virou linha de investigação após surgirem menções à “casa 8” no antigo bairro Emerenciano, mesmo imóvel apontado em diferentes investigações judiciais. Segundo informações não oficiais, Gustavo Obregón, hoje condenado por encobrimento do caso Cecilia, teria transferido Elvis para lá em mais de uma ocasião.

A mãe do jovem não teria revelado essas ligações antes por medo. “Quando vão para a prisão, começam a falar”, confidenciou ao Perfil fonte ligada à investigação.

Embora esta informação ainda não faça parte formal do processo, o Ministério Público a analisa como um possível ponto de partida para reconstituir os últimos movimentos do jovem.

A declaração da Equipe Fiscal nº 3

O Procurador Soto emitiu um comunicado confirmando que: os dados recentemente fornecidos estão a ser verificados; os autos do caso Cecília foram enviados ao arquivo de Elvis Benítez; Estão a ser realizadas novas diligências de investigação para avaliar a veracidade e relevância dos depoimentos e mantém-se o pedido aos cidadãos para fornecerem informações que permitam a localização do jovem.

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O caso, que durante anos esteve praticamente imóvel, entrou agora numa fase que o Ministério Público considera “crucial”.

Fonteina: “Hoje há certos dados que antes não existiam”

O subprocurador Miguel Fonteina confirmou em declarações à Rádio Libertad que o Ministério Público começou a receber declarações que não surgiram em oito anos de investigação. “Tem gente que hoje se sente à vontade para contar as coisas. Estamos incorporando novas informações como elementos de prova, por meio de depoimentos juramentados”, disse.

Segundo Fonteina, a intenção é reconstruir a cronologia das últimas horas de Elvis: “Antes não tínhamos elementos probatórios. Hoje existem dados muito certos que nos permitem reconstruir o momento da sua vida e caminhar em direção à verdade”.

O responsável foi mais longe ao referir-se às alegadas ligações de Elvis com o antigo bairro Emerenciano:

“O que estava fora do processo está hoje dentro. As declarações devem especificar como eles sabem o que sabem”.

O caso Elvis Benítez: oito anos sem respostas

O desaparecimento de Elvis ocorreu no dia 22 de dezembro de 2017. Nesse dia ele saiu de sua casa no bairro Mujeres Argentinas, pediu dinheiro para a passagem e dirigiu-se ao ponto de ônibus 111, que o levaria à casa dos avós. Um amigo o acompanhou até a esquina onde ele esperava o ônibus. Esse foi o último testemunho sólido.

Ele nunca mais foi visto. Não havia câmeras, Elvis não tinha celular e suas rotinas eram conhecidas pela família. Nenhuma hipótese foi bem sucedida. Houve buscas tardias, depoimentos que não cabiam e um processo que avançava com enormes dificuldades.

O Ministério da Segurança da província e o Sistema de Busca Federal mantêm uma recompensa ativa de US$ 2 milhões por informações sobre seu paradeiro.

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O impacto do caso Cecília

A reativação do caso coincide com o clima social após o julgamento com júri do feminicídio de Cecilia Strzyzowski, que resultou na prisão perpétua de César, Emerenciano e Marcela Acuña. Este cenário, admitiu Fonteina, fez com que pessoas que antes estavam caladas se apresentassem agora para testemunhar.

“Estamos com a mãe de Elvis, compreendendo a sua angústia e a sua dor durante tantos anos. Às vezes há medo. Pedimos que se apresentem, que se declarem. Vamos trabalhar nesse sentido”, afirmou.

Uma causa que respira novamente

Depois de anos sem progressos, o desaparecimento de Elvis Martín Benítez volta a ocupar o centro do sistema judicial do Chaco. O que antes eram rumores ou histórias informais, hoje entram nos autos como declarações juramentadas. O Ministério Público confia que estes novos elementos permitirão reconstruir cenas que permaneceram silenciosas durante oito anos.

A mãe de Elvis, como faz desde o primeiro dia, espera apenas uma resposta: saber o que aconteceu ao seu filho.



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