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O enigma do argentino que desapareceu na Ásia em busca de paz de espírito

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A busca por Sergio Vaca, argentino natural de Córdoba, tornou-se um quebra-cabeça internacional cheio de angústia. O homem, que emigrou para Espanha há anos, cortou todo o contacto com a família em novembro de 2022, após anunciar uma viagem espiritual e de trabalho ao Sudeste Asiático. O caso ganhou notoriedade pública apenas nos últimos dias, depois que sua filha Eliana, residente no Brasil, se tornou viral nas redes sociais expondo a teia de contradições em torno do desaparecimento de seu pai.

Segundo a reconstrução familiar, Vaca viveu em Valência até meados de 2022, altura em que decidiu partir para a Ásia. O último sinal de vida foi um e-mail enviado em novembro daquele ano, onde detalhou uma mudança radical nos seus planos: afirmou ter encontrado emprego num mosteiro budista no Laos, localizado a cerca de 50 quilómetros da fronteira com a China. Nessa mensagem ele prometeu voltar em um ano, após terminar o que descreveu como uma temporada de busca pela paz interior.

No entanto, a passagem do tempo e o silêncio absoluto despertaram o alarme da filha, que iniciou uma investigação pessoal que revelou graves inconsistências na história. Ao consultar grupos de expatriados na Tailândia, Vietnã e Camboja, Eliana se deparou com dois fatos perturbadores: nas coordenadas geográficas indicadas pelo pai não existem mosteiros budistas e, além disso, essas instituições religiosas da Ásia não costumam aceitar estrangeiros para trabalharem como intérpretes, função que Vaca deveria desempenhar.

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O mistério se aprofunda no plano digital. No momento da viagem, o homem já não utilizava WhatsApp nem redes sociais, canalizando toda a sua comunicação exclusivamente por email. Embora as últimas mensagens contivessem detalhes sentimentais que confirmavam sua identidade, quando a família tentou responder algum tempo depois, a caixa retornou um erro de existência. “Mandei mensagens para outro e-mail e não chegaram até ela”, enfatizou a filha, que também apontou a dificuldade de rastrear a localização exata por meio de endereços IP.

Diante deste cenário, os protocolos oficiais foram acionados. A família apresentou queixa ao Itamaraty e a Interpol foi contatada, onde estão sendo coletados dados para emitir alerta amarelo para apurar o paradeiro. Fontes de investigação confirmaram ao Infobae que foram realizadas trocas de informações com Espanha para verificar se Vaca tinha regressado à Europa, mas os resultados foram negativos, deixando o seu destino num limbo absoluto.

Sergio afirmou ter conseguido um emprego em um mosteiro budista no Laos

A hipótese de fraude e conexão de trabalho anterior

Eliana disse que ficou “em estado de choque já há algum tempo” antes de conseguir processar a gravidade da situação e apresentar queixa formal. A mulher admitiu que, a princípio, respeitou a decisão do pai de se isolar, acreditando que se tratava de um afastamento voluntário. Porém, agora a incerteza leva-a a considerar as piores hipóteses: “Não sei se ele está vivo, não sei se está noutra situação. A certa altura pensei que o tinham raptado”, disse ela.

Uma informação importante que alimenta as suspeitas da família é a história profissional de Vaca na Europa. Antes de viajar, o homem trabalhou com cidadãos chineses em Espanha, o que na altura fez com que a sua mudança para a Ásia parecesse um passo lógico nos seus laços profissionais. Essa história agora é vista com outra lupa, pelo medo de ter sido enganado com uma falsa promessa de trabalho.

“Também existem golpes digitais que sequestram pessoas assim”, refletiu a filha, sugerindo que seu pai poderia ter caído em uma rede de tráfico ou exploração sob a fachada de um trabalho místico. Enquanto a investigação avança lentamente, a família se apega à divulgação do caso, esperando que algumas informações precisas lhes permitam quebrar o silêncio que cerca Sergio há três anos.

CT/ML



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