Testado em laboratório, o método emprega luz e corante para liberar partículas que destroem Klebsiella pneumoniae, comum em hospitais
Pesquisadores do IFSC (Instituto de Física São Carlos) da USP (Universidade de São Paulo) desenvolveram um tratamento inovador para pneumonia causado por bactérias resistentes a antibióticos, um dos maiores problemas atuais de saúde mundial.
A técnica usa luz e um corante para liberar partículas que eliminam as bactérias Klebsiella pneumoniae, causando infecções hospitalares. O método foi demonstrado em testes de laboratório, 1 passo em direção ao seu uso clínico.
O trabalho foi realizado em colaboração com cientistas do Departamento de Engenharia Biomédica do Texas de Engenharia Biomédica nos Estados Unidos e do Departamento de Química da Universidade de Coimbra, Portugal. Os resultados do estudo são apresentados em um artigo da International Scientific Journal Pathoges. Este é o inglês completo (PDF – 1 MB).
De acordo com o pesquisador do IFSC Fernanda Alves, que conduz estudos na Texas A&M University, a cada 15 segundos aproximadamente uma pessoa morre de pneumonia no mundo. “Isso acontece principalmente porque os antibióticos não são mais eficazes contra muitas bactérias super resistentes”, disse ele. “Nesse cenário, a terapia fotodinâmica surge como uma alternativa promissora para combater infecções”, disse ele.
Entre os agentes mais perigosos de pneumonia resistente estão as bactérias Klebsiella pneumoniae, comuns em hospitais.
O método estudado é conhecido como TFD (terapia fotodinâmica). Primeiro, um corante especial se aplica ao corpo, seguido pela aplicação de uma luz na região infectada. A combinação faz com que o corante libere partículas capazes de destruir bactérias sem prejudicar as células humanas.
Nos testes de laboratório, a técnica foi capaz de eliminar completamente as bactérias, mas havia um problema: dentro dos pulmões, há uma camada natural chamada surfactante pulmonar, que protege os alvéolos durante a respiração. Essa camada eventualmente “aprisionando” o corante e reduzindo a eficácia do tratamento.
Para superar esse desafio, os cientistas combinaram o corante com uma substância chamada Gantrez, um tipo de polímero de uso médico seguro, que atua como um “carregador”, ajudando o corante a atravessar a barreira natural dos pulmões e a alcançar bactérias.
Com essa combinação, o número de microorganismos foi reduzido em milhares de vezes, mesmo na presença da barreira pulmonar. Ou seja, a técnica mostrou que também pode funcionar em condições mais próximas da realidade do corpo humano.
“Cada etapa para tornar o método clinicamente aplicável traz novos desafios. O mais recente foi superar a barreira natural dos pulmões: o surfactante”, disse Fernanda Alves. “Com a adição de Gantrez ao tratamento, obtivemos resultados muito encorajadores, o que nos deixa esperançosos para os próximos passos, 1º em modelos animais e depois em estudos clínicos”, disse ele.
Embora os testes ainda estejam na fase de laboratório, os resultados trazem esperança. Se confirmado em estudos em animais e, então, com os pacientes, a terapia pode se tornar uma alternativa aos antibióticos em casos de pneumonia grave e resistente.
De acordo com os autores do estudo, este é um passo importante para combater as “Superbacteria”, que já representam uma das maiores ameaças à saúde pública no século XXI.
O trabalho é assinado por Fernanda Alves, Isabelle Almeida de Lima, Lorraine Gabriele Fiuza e Natalia Mayumi Imada, da IFSC e da Texas A & M University, Zoe Arnaut, da Universidade de Coimbra e Vanderlei Salvador Bagnato, Professor em Sesc e Text e Tex.
Com informações da USP Agency.







